sinopse
Outa Karel’s Stories: South African Folk-Lore Tales (1914)
Quando Sanni Metelerkamp publicou Histórias do tio Karel, em 1914, a África do Sul tentava superar um período de grandes turbulências: anos de conflito entre os colonos holandeses, os zulus e os britânicos. A chegada de povos de todo o mundo em busca de ouro e diamantes, juntamente com o advento das ferrovias, abria o país e mudava a sociedade. Metelerkamp temia que muitas das antigas tradições e histórias se perdessem e, portanto, registrou algumas delas para a posteridade.
“Esses contos são propriedade comum de todas as crianças da África do Sul”, declarou a autora no prefácio, “e o são desde a primeira vez em que a região foi povoada, há milhares de anos”.
São contos folclóricos do extremo sul da África, narrados por tio Karel, personagem quase arquetípico que ilustra o povo san e sua sabedoria resignada por séculos de conflitos, conquistas tribais e a colonização europeia.
A figura de Karel, embora exerça o protagonismo da obra, também revela indiretamente a visão colonialista da época em que o livro foi escrito e nos oferece um retrato das relações raciais na África do Sul do início do século 20. Submisso e carinhoso para com a família para a qual trabalha, o velho san descortina, através das proezas dos personagens de suas histórias, a sagacidade típica de seu povo.
O livro traz também alguns contos da mitologia hotentote que, quando documentados pela primeira vez, encantaram os leitores com suas versões para a origem das estrelas e planetas.
Além disso, é impossível não traçar um paralelo entre a sabedoria do sul do continente africano, em sua maneira simples e divertida de ensinar a enfrentar as adversidades da vida, com a história de resiliência dos africanos que foram arrancados de sua terra e trazidos a ferro e força para o continente americano.
Acima de tudo, o livro celebra uma das formas mais antigas e prazerosas de se transmitir e perpetuar culturas: histórias em volta do fogo, repletas de magia e mistério, repassadas de geração a geração.
autor
Sanni Metelerkamp (1867-1945)
Bisneta de George Rex, fundador da cidade de Knysna, na África do Sul, sua compilação de contos folclóricos foi um esforço para preservar histórias infantis populares, comumente contadas à luz do fogo em regiões tribais. Escritora e dramaturga, foi uma das responsáveis por introduzir as artes cênicas na cultura sul-africana.
tradutor
Gabriel Naldi
Tradutor, revisor, publicitário e editor no Instituto Mojo de Comunicação Intercultural. Formado em publicidade e propaganda pela Universidade Metodista e com pós-graduação de Tradução pela Estácio de Sá, Gabriel Naldi possui ampla experiência em planejamento estratégico para ações digitais, em agências de propaganda, empresas e portais. Foi revisor de textos para emissoras e empresas como Petrobras, Band, TV Tribuna, TCE Pará e TCU. Desde 2013, atua como tradutor e revisor de texto, localização de websites, redação publicitária, marketing e tradução literária.